Hoje de manhã apareceu um gato na minha porta. O bicho fazia um barulho tão insuportável que eu fui lá fora decidido a escorraçar o miserável com bons latidos, só que, quando abri a minha portinha de cachorro, notei que era um filhote. Ele estava molhado, tremendo de frio e deveria estar sem comer a dias!
Eu não sou chegado em gato, mas esse era tão fofinho... além disso era um bebê, não tive outra escolha, resolvi ajudar! A primeira providência foi colocar o bichano para dentro de casa, deu um trabalhão, afinal, ele também não deve ser muito chegado a cachorro. Ele botou as garras para fora e até me arranhou, tive que me segurar para não dar uma mordiscada nele, mas eu me controlei, afinal, a mãe o abandonou, ele estava com medo. Peguei um pano de limpar o chão e segurei o gatinho, além de me proteger das unhadas, consegui segurá-lo e secá-lo. Já em meu colo, ele estava mais calmo, deve ter percebido que eu sou um cão amigo. Depois, recheei o bucho do felino! Preparei um pouco de leite em pó com água quente e dei a ele na minha vasilha. Ele tomou tudo, lambeu o fundo do recipiente e me olhou com aquela cara de quero mais, nem precisou miar, percebi logo que ele ainda estava com fome. Dei mais leite e deixei-o descansando dentro de uma caixa de papelão.
Meu amigo veio aqui e nós ficamos trocando idéia. Perguntei se ele gostaria de adotar o felino, mas ele disse que infelizmente não pode, pois os animais exigem tempo e dedicação e que cuidar de um bicho de estimação não é apenas por dentro de casa um filhote bonitinho, pois eles precisam comer, fazer as suas necessidades em local adequado, precisam de vacinas e outros medicamentos, além de receber amor e carinho, é quase um filho. Quando ele disse isso pensei:
- Ele precisa ter uma conversa urgente com meu dono sobre isso!
Mas, voltando ao assunto, ele me ajudou com o caso fazendo uma placa: “Dê um lar a um gatinho neste natal!” Logo apareceu uma moça e se dispôs a tentar arrumar uma casa para ele, mas se ninguém puder adotá-lo, vai criá-lo em definitivo. Ela é legal, tá sempre pela vizinhança, ao menos, ficarei sabendo notícias do que aconteceu com o filhote. Ainda bem, né? Pois eu não tenho a menor disposição para cuidar de crianças, ainda mais sendo eu um cão, não poderia adotar um gato!
Mas sabe que me afeiçoei a ele? Se eu fosse um cão independente, até topava dividir o teto com o gatinho... mas foi melhor assim. Adoção, mais que um gesto de amor é coisa para quem pode, em todos os sentidos. Já a solidariedade pode ser praticada por todos nós!
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